Estrógeno na Afirmação de Gênero: Qual Via Escolher?

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Comparação Completa Entre Oral, Adesivo, Gel, Injetável e Implante

Escolher a via de administração do estrógeno é uma das decisões mais importantes no processo de terapia hormonal de afirmação de gênero. Mais do que perguntar se “funciona ou não”, a forma como o hormônio é entregue ao corpo determina a estabilidade das mudanças, o bem-estar no dia a dia e a segurança cardiovascular. Este guia compara todas as vias — com base nas principais evidências científicas — para ajudar você a decidir, junto com sua equipe de saúde, qual é o caminho mais adequado.

Estrógeno Oral

O estradiol oral passa pelo fígado antes de entrar na circulação, aumentando proteínas inflamatórias e o risco trombótico em algumas pessoas.

Prós:

  • Amplo acesso e praticidade.
  • Eficácia feminizante bem documentada .

Contras:

Oscilações hormonais ao longo do dia.

Maior impacto hepático.

Potencial aumento do risco cardiovascular.

Estrógeno Tópico (gel ou creme)

Absorvido pela pele, evita a primeira passagem hepática, oferecendo melhor perfil de segurança.

Estrógeno Tópico (gel ou creme)

Absorvido pela pele, evita a primeira passagem hepática, oferecendo melhor perfil de segurança

Prós:

  • Estabilidade hormonal superior.
  • Menor risco trombótico.
  • Boa opção para uso a longo prazo.

Contras:

Absorção variável dependendo da pele.

Exige disciplina diária.

Risco de transferência para terceiros antes da secagem.

Adesivo Transdérmico

Uma das vias mais seguras, devido à liberação contínua e estável. Reduz significativamente o risco trombótico.

Prós:

  • Elevada estabilidade hormonal.
  • Excelente segurança cardiovascular.
  • Praticidade — trocas semanais.

Contras:

  • Possível irritação cutânea.
  • Pode descolar com suor ou atrito.

Estrógeno Injetável

Estradiol valerato e cipionato produzem picos elevados logo após a aplicação, com queda progressiva a seguir.

Prós:

  • Mudanças perceptíveis rapidamente.
  • Aplicações semanais ou quinzenais.
  • Não passa pelo fígado.

Contras:

  • Picos e vales hormonais importantes.
  • Maior sensibilidade mamária ou emocional.
  • Exige técnica adequada.

Embora muito utilizado, há menos estudos longos comparando sua segurança com vias transdérmicas, motivo pelo qual estas costumam ser priorizadas quando o foco é segurança cardiovascular.

Implante Hormonal

Implantes subcutâneos liberam estradiol de forma contínua por meses, oferecendo grande estabilidade (Gava et al., 2021; Deutsch et al., 2020).

Prós:

  • Constância hormonal incomparável.
  • Conveniência — não depende de rotina.
  • Baixo risco hepático e trombótico.

Contras:

  • Custo mais elevado.
  • Ajustes apenas com novo implante.
  • Requer inserção e retirada.

Vias Adicionais: Vaginal e Sublingual

Vaginal: usada apenas para tratamento local (secura, dor). Não feminiza porque a absorção sistêmica é mínima (Hembree et al., 2017).
Sublingual: utilizada de forma off-label. Absorção rápida, mas sem estudos suficientes para recomendação formal (Deutsch et al., 2020).

Resumo Visual – Comparação das Vias de Estrógeno

Via Estabilidade Risco Trombótico Praticidade Custo
Oral Baixa Alto Alta Baixo
Gel/Creme Alta Baixo Média Médio
Adesivo Alta Muito baixo Média/Alta Médio
Injetável Variável Intermediário* Média Baixo
Implante Muito alta Baixo Muito alta Alto

Nota: O injetável evita o fígado, mas os picos elevados de concentração podem ser menos seguros do que a estabilidade das vias transdérmicas, especialmente para segurança cardiovascular a longo prazo (Deutsch et al., 2020).

Conclusão

Na AVANT SAÚDE, utilizamos uma avaliação integrada — histórico clínico, exames, bioimpedância e conversa aberta sobre expectativas — para desenvolver um plano hormonal personalizado, seguro e baseado nas melhores evidências científicas.

REFERÊNCIAS — ABNT

CANONICO, M. et al. Postmenopausal hormone therapy and risk of venous thromboembolism: updated evidence. Thrombosis Research, v. 191, p. 108–113, 2020.

DEUTSCH, M. B. et al. Guidelines for the Primary and Gender-Affirming Care of Transgender and Gender Nonbinary People. University of California San Francisco, 2020.

GAVA, G. et al. Hormonal treatment for transgender women with subcutaneous implants: efficacy and safety. Journal of Sexual Medicine, v. 18, n. 4, p. 682–690, 2021.

HEMBREE, W. C. et al. Endocrine Treatment of Gender-Dysphoric/Gender-Incongruent Persons: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline. Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, v. 102, n. 11, p. 3869–3903, 2017.

WPATH. Standards of Care for the Health of Transgender and Gender Diverse People, Version 8. World Professional Association for Transgender Health, 2022.

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