Melhor local para aplicar a testosterona: o que dizem os estudos e as boas práticas

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A aplicação de testosterona é indicada em terapias de reposição hormonal, tratamento de hipogonadismo e processos de afirmação de gênero. Embora pareça simples, o local da injeção influencia diretamente a absorção do medicamento, o conforto e o risco de complicações. Nesse artigo você vai saber dicas sobre o melhor local para aplicar testosterona.

Os principais músculos utilizados para a aplicação intramuscular são o glúteo (região ventroglútea), o vasto lateral da coxa e o deltoide.

1 – Músculo Glúteo

A região ventroglútea — localizada na lateral superior do quadril, acima do trocanter maior do fêmur — é considerada o local mais seguro para aplicação de injeções intramusculares profundas. Essa área é excelente para aplicar testosterona pois evita o nervo ciático e grandes vasos sanguíneos, o que reduz significativamente o risco de lesões.

Vantagens
• Músculo espesso e bem vascularizado, ideal para medicamentos oleosos como a testosterona.
• Distante de nervos e vasos importantes, reduzindo o risco de complicações.
• Em estudo com 26 homens e 551 aplicações de testosterona enantato, o glúteo apresentou menor incidência de dor e sangramento comparado ao deltoide e à coxa

Cuidados
• Aplique no quadrante superior externo da nádega ou na região ventroglútea.
• Use agulha de 30 a 40 mm de comprimento (1 a 1,5 polegada), calibre 25 G.
• Injete a 90°, com o músculo relaxado.
• Recomenda-se aplicar entre 1 e 4 mL por injeção.
• Após aplicar, pressione levemente com algodão seco, sem massagear.

2- Músculo Vasto Lateral da Coxa

O vasto lateral da coxa, localizado na face externa da perna, é uma excelente opção para aplicar testosterona. Além de ser facilmente acessível, tem baixo risco de atingir estruturas nobres.

Vantagens
• Local acessível para quem aplica sozinho.
• Permite alternar entre as pernas, evitando inflamação repetida.
• Baixo risco de lesão de nervos ou vasos.

Cuidados
• Aplique no terço médio da coxa, longe do joelho e do quadril.
• Use agulha de 25 a 32 mm, calibre 25 G.
• Mantenha o músculo relaxado — sentado ou deitado.
• Pequeno desconforto muscular pode ocorrer por até 48 horas; compressas mornas ajudam.

3- Músculo Deltoide

O deltoide, localizado no ombro, é uma alternativa para aplicações de pequeno volume (até 1 mL). É de fácil acesso, mas deve ser usado com cautela devido à menor espessura muscular.

Vantagens
• Acesso rápido e prático, inclusive em clínicas.
• Indicado apenas para volumes pequenos e sob supervisão profissional.

Cuidados
• Evite volumes superiores a 1 mL ou formulações muito oleosas.
• O ponto correto é o centro do músculo, entre o acrômio (ponta do ombro) e a axila.
• Um relato de caso descreveu rabdomiólise localizada após repetidas aplicações de testosterona no deltoide, reforçando a necessidade de cautela.

4- Técnica e Cuidados Gerais

Alguns princípios gerais tornam a aplicação mais segura e confortável:

1. Higienização: Lave as mãos e limpe o local com álcool 70%.

2. Agulha e seringa novas: Nunca reutilize materiais.

3. Injeção lenta: Por ser oleosa, a testosterona deve ser aplicada gradualmente para reduzir dor e pressão.

4. Não “belisque” a pele: Os nervos responsáveis pela dor estão em camadas mais profundas; puxar a pele não ajuda e pode aumentar o desconforto.

5. Aqueça o frasco: Segurar o frasco entre as mãos por 1–2 minutos reduz a viscosidade do óleo.

6. Rotação dos locais: Alterne a cada aplicação.
• Exemplo semanal: glúteo direito → glúteo esquerdo → coxa direita → coxa esquerda.

7. Compressa após a aplicação: Pressione suavemente por 30 segundos; não massageie.

8. Evite áreas lesionadas: Nunca aplique sobre hematomas, cicatrizes ou áreas doloridas.

9. Observe sinais de alerta: Vermelhidão, calor, inchaço, secreção ou febre exigem avaliação médica.

Conclusão

O músculo glúteo ventroglúteo é o local mais seguro e indicado para a maioria das aplicações de testosterona intramuscular. O vasto lateral da coxa é a melhor alternativa para quem faz autoinjeção, e o deltoide deve ser reservado para volumes pequenos.
Independentemente do local, a técnica correta, o uso de material estéril e a rotação dos pontos de aplicação são fundamentais para evitar complicações e garantir a absorção adequada do hormônio.

Referências (Norma ABNT)
• KÄRPPÄ, M. T. et al. Tolerability of intramuscular injections of testosterone ester in oil. Human Reproduction, v. 10, n. 4, p. 862-866, 1995.
POLANIA GUTIERREZ, J. J.; MUNAKOMI, S. Intramuscular Injection. StatPearls Publishing, Treasure Island, 2023.
• KAYE, S.; PFEIFFER, C.; BENNETT, C. Anatomically safe sites for intramuscular injections: a cross-sectional study. Journal of Education and Health Promotion, v. 9, n. 12, p. 45-52, 2020.
• YANG, Y. et al. Localized rhabdomyolysis associated with testosterone enanthate injection: case report and review. Urology Case Reports, v. 45, p. 102226, 2022.
• VINMEC INTERNATIONAL HOSPITAL. Possible complications after intramuscular injection. Disponível em: https://www.vinmec.com/en/news/health-news/possible-complications-after-intramuscular-injection/.

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