Creatina é importante no processo de transição hormonal?

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Introdução

A transição hormonal envolve diferentes terapias: mulheres trans geralmente utilizam estrógeno (para promover características femininas) associado a antiandrogênicos (para reduzir a testosterona), enquanto homens trans fazem uso de testosterona para induzir características masculinas.
Essas alterações hormonais impactam diretamente a composição corporal, a massa muscular, a densidade óssea e o metabolismo energético .

Dentro desse contexto, surge a dúvida: Qual a importância da creatina na transição hormonal?

O que é a creatina?

A creatina é um composto naturalmente produzido no fígado, rins e pâncreas, armazenado principalmente no músculo esquelético na forma de fosfocreatina. Sua principal função é regenerar ATP rapidamente, fornecendo energia imediata para exercícios de alta intensidade.
Além disso, estudos mostram que a suplementação com creatina melhora força, potência, massa muscular, recuperação e até funções cognitivas.

Benefícios Gerais da Suplementação com Creatina

Aumento da massa magra: promove maior síntese proteica e retenção de água intracelular no músculo, favorecendo hipertrofia.

Melhora de desempenho físico: aumenta força máxima e desempenho em exercícios de alta intensidade e curta duração.

Saúde óssea: estudos sugerem benefícios indiretos via aumento da força muscular e estímulo mecânico sobre os ossos.

Função cognitiva: há evidências de que pode melhorar a função cerebral, especialmente em situações de estresse metabólico.

Mulheres Trans

Por que importa?
O uso de estrógeno e antiandrogênicos pode levar a uma redução relativa da massa magra e aumento da gordura corporal. Isso pode prejudicar desempenho físico, metabolismo e saúde óssea.
A suplementação de creatina pode ser uma estratégia protetora para preservar e aumentar massa magra, melhorar desempenho físico e apoiar saúde óssea por meio da força muscular .

Recomendação
• 3 a 5 g/dia em dose de manutenção, sem necessidade de fase de sobrecarga .

Homens Trans

Por que importa?
A testosterona favorece ganho de massa muscular e força. A creatina potencializa esse efeito, funcionando como aliada na hipertrofia e no desempenho esportivo. Além disso, contribui para saúde óssea e energia metabólica, otimizando os benefícios da testosterona (IRWIG, 2017; KREIDER et al., 2017).

Recomendação
• 3 a 5 g/dia, em qualquer horário do dia, de preferência com refeição que contenha carboidratos e proteínas para melhorar absorção (KREIDER et al., 2017).

Conclusão

A creatina é uma das substâncias mais estudadas e seguras em nutrição esportiva. Tanto em mulheres trans, que podem perder massa magra pelo uso de estrógeno e antiandrogênicos, quanto em homens trans, que buscam otimizar os efeitos da testosterona, a creatina na transição hormonal pode ser uma aliada importante.
Não é obrigatória, mas pode ser uma ferramenta eficaz para melhorar composição corporal, desempenho físico, saúde óssea e até cognição. Como sempre, a suplementação deve ser feita de forma individualizada, com acompanhamento médico e nutricional.

Referências (ABNT)
GUALANO, B.; RAWSON, E. S.; CANDOW, D. G.; CHILIBECK, P. D. Creatine supplementation in the aging population: effects on skeletal muscle, bone and brain. Amino Acids, v. 42, p. 749–761, 2012.
• HEMBREE, W. C. et al. Endocrine treatment of gender-dysphoric/gender-incongruent persons. J Clin Endocrinol Metab, v. 102, n. 11, p. 3869–3903, 2017.
• IRWIG, M. S. Testosterone therapy for transgender men. Lancet Diabetes Endocrinol, v. 5, n. 4, p. 301–311, 2017.
• KREIDER, R. B. et al. International Society of Sports Nutrition position stand: safety and efficacy of creatine supplementation in exercise, sport, and medicine. J Int Soc Sports Nutr, v. 14, n. 18, 2017.
• RAWSON, E. S.; VANCOTT, T. C.; MIDDLEKAUFF, H. R. Creatine supplementation and cognitive performance: a review. Journal of Clinical Psychopharmacology, v. 38, n. 4, p. 368–374, 2018.
• WPATH. Standards of Care for the Health of Transgender and Gender Diverse People, Version 8. Int J Transgender Health, v. 23, supl. 1, p. S1–S259, 2022.

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