Nova Geração de Intelectuais Transgêneros Transforma o Ambiente Acadêmico
A luta por representatividade transgênero transcende o acesso ao ensino superior e busca criar uma ciência que desafie teorias tradicionais, reformule currículos e introduza uma nova epistemologia trans. Essa transformação no universo acadêmico é liderada por uma nova geração de intelectuais trans, que estão reivindicando o direito de construir conhecimento sob suas próprias perspectivas. No contexto alarmante de violência contra a população trans, o Brasil destaca-se negativamente, sendo responsável por 31% dos assassinatos de pessoas trans e de gênero diverso reportados globalmente entre outubro de 2022 e setembro de 2023, segundo a rede Transgender Europe. Paralelamente à violência física, ocorre o chamado “epistemicídio trans”, o apagamento do conhecimento produzido por pessoas trans, frequentemente narrado por cientistas cisgênero. Gabrielle Weber, professora da Escola de Engenharia da USP, exemplifica essa nova geração. Doutora em física e coordenadora do Projeto Corpas Trans, Gabrielle promove a interdisciplinaridade ao integrar ciências exatas e sociais, destacando a importância de uma ciência inclusiva e feita pela própria comunidade trans. Ela desafia o viés que desvaloriza as ciências humanas e questiona a aplicação do método científico tradicional em áreas como a cosmologia, onde experimentos replicáveis são impossíveis. A iniciativa de Gabrielle é parte de um movimento maior para enfrentar a transfobia e produzir dados científicos a partir das vivências e perspectivas trans. Sua atuação reflete o lema “Nada sobre nós sem nós”, marcando um momento de embate pelo direito de fazer ciência inclusiva e representativa. ReferênciaSaid, Tabita. “Nova geração de intelectuais transgêneros está movimentando o universo acadêmico”. Jornal da USP, 29 de janeiro de 2024. Disponível em: https://jornal.usp.br/diversidade/nova-geracao-de-intelectuais-transgenero-esta-movimentando-o-universo-academico/